terça-feira, 10 de março de 2009

Quatro

… Desculpe, Francisco… [é esse seu nome, não é mesmo?], mas hoje não estou à vontade para escrever. Pensei bastante antes de deixar-lhe esta carta tão vazia de significado…

(…)

… Creio que por hoje terás de contentar-te com algumas reticências…


Capítulo 5

Se até o lixo pode ser reciclado…

Com minha esposa desempregada, minha vida mudou drasticamente. Precisei arrumar outro emprego, ou meio de sustento, mas ainda assim não consegui tirar as mãos do lixo. Tornei-me catador de lixo reciclável. Toda madrugada, punha-me a recolher papel, caixa de papel, garrafas, latas e tudo o que poderia ser reutilizado. O trabalho era degradante e temo falar sobre dignidade, pois corro o risco da crítica, quiçá da censura. Prefiro imaginar, e só imaginar o lado bom. Assim, consegui ver flores germinarem em meio àquela enorme quantidade de estrume. E com toda a minha imaginação, pensava no bem maior, eu era um agente de transformação ambiental, pois com meu trabalho reduziria os danos que o homem, com toda a sua arrogância de poder, causa aos outros homens e a toda a natureza. Mas, não querendo me estender neste capítulo, prefiro terminar sem hipocrisias: o que seria de mim sem todo aquele lixo. Não havia meios, para mim, de trabalhar em outro oficio. Eis aqui minha ignorância, ainda não revelada. Como fui mesquinho ao pensar assim.

 

Capítulo 6

Tristes alegrias

O que vocês acham de falarmos sobre coisas mais alegres? Porque é assim mesmo que funciona, como nos telejornais, para cada notícia triste, intercalamos uma alegria momentânea! As minhas, porém, foram tão curtas, que um parágrafo talvez seja muito grande para relatá-las.

 

Capítulo 7

O dia do dia mais feliz da minha vida

Poucas, como houvera dito, foram as alegrias da minha vida. Uma delas, a qual gostaria de relatar-lhes aqui, foi o nascimento de Joaninha. Um parêntesis rapidinho: vocês sabem o que é uma joaninha?

(…)

E esse foi o dia mais feliz da minha vida.


Capítulo 8

Ressalva

Depois dessa grande alegria, poderia encerrar o livro por aqui, mas ele não teria sentido. Então, para não gastar-lhes mais o precioso tempo, vou iniciar o relato do verdadeiro motivo que me trouxe a escrever essa história. Aguardemos, porém, o próximo capítulo.

 

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